Poesia
sagitta
estava conversando com uma amiga esta semana sobre inferno astral.
ela me disse que nós, os incautos, o chamamos assim pois é um momento de fato confuso, porém, o que acontece de verdade é que, ao nos aproximar do 12º mês do nosso ciclo, mergulhamos num período de mistério. achei intrigante isso.
a sensação é mesmo esquisita – às vezes quero gritar (e grito sozinha, na minha bolha ford, na marginal pinheiros), outras quero abraçar forte o amigo que me escreve no momento exato que estou pensando nele. plim! e tem momentos que sinto um abandono ancestral, e choro no escuro. vai saber. que confortante foi colocar nome nisso e chamar de mergulho no mistério. por que mistério pra mim é como um céu estrelado, um azul escuro muito muito escuro cheio de olhos me observando.
e esse lance de sagitário. entendo quase nada e acredito em quase tudo. só que acho um glamour quando me perguntam: “que signo você é?” e eu respondo: s a g i t á r i o. como o Jim, que cantava de costas. que cantava com aquela voz dele, de costas.
na origem, a palavra sagittarius, em latim, significa arqueiro, relativo a flechas; sagitta = flecha, seta. na astrologia, o símbolo do arqueiro é baseado no centauro, criatura mitológica com cabeça, braços e torso de ser humano e corpo e pernas de cavalo. na anatomia, diz-se sagital o plano que divide o corpo em metades esquerda e direita a partir de um corte vertical reto. para os mutantes, sagitarius é uma canção mucho loca. qualquer horóscopo vai dizer que pessoas regidas por esse signo adoram liberdade e são sinceros exagerados. então tá.
21 de dezembro é um solstício, que palavra linda essa. é o dia mais longo do ano (com a noite mais curta) e início do verão no hemisfério sul. e tudo oposto no norte. gente e bicho, esquerda e direita, verão e inverno. se tudo fosse simples assim.
em um 21 de dezembro morria Nelson Rodrigues, aquele escritor que disse o adulto não existe – o homem é um menino perene.
eu concordo. a cada 21/12 eu me sinto mais menina.
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