Poesia

rarefeita

sinto meus ossos moles
minha existência ficando porosa
virando areia
meus braços podem cair a qualquer momento.
a mandíbula pesa
os dentes ficam a mostra
o hálito mais pesado que o peso
dos dedos, das unhas
da sombra que a luz do poste projeta na rua.
dentro de mim é um deserto
a brisa quente me confunde os sentidos.
é certo, já não sinto as pernas também.
agora parece que não tenho língua
ela virou um papel seco e mudo
pronto pra ser rasgado.
irei rasgá-lo para escutar o som
e quem sabe assim
com o estalo
as lâmpadas-estrelas pisquem
e acendam algo anímico que estava aqui.