Poesia
a_normalidade
ontem o brasil elegeu um presidente fascista.
a democracia deixou que 57 milhões de pessoas o elegessem.
a democracia permitiu que eu estivesse nos outros 89 milhões que não votaram nele.
a democracia permitiu que a destruíssem no dia 28 de outubro de 2018.
o normal no país nesses últimos tempos era ouvir “mas ele não vai fazer tudo aquilo que diz”, “é da boca pra fora”. o normal, vejam, seria escolher um representante que não cumprisse. um representante que mente. o normal foi substituído pela sua antítese.
a norma era viver numa realidade inventada, numa que tinha vida em celulares e telas pretas. o debate foi abolido. defesa de argumentos e de fatos não aconteceu por que uma parte se negou a dialogar. diz que negou por carregar fezes numa bolsa externa – e, meus caros, eu queria que isso fosse uma piada ou até uma metáfora, mas não: uma bolsa de merda. a outra bolsa, mostravam as pesquisas, subia com o jair subindo nas pesquisas. o mercado pira. as mina pira. deu no new york times, só que nem assim houve jeito. o jeito foi que acordamos com um fascista sentado na cadeira de presidente. com supremo, com tudo. com a grande mídia tradicional, com a cbf, com escola sem partido, com a perda de direitos, com privatizações, com o dólar, zap, tudo.
tudo, exceto nós.
